quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Celular dá câncer? Enquanto isso, ...


A epidemiologista americana Devra Davis lidera uma cruzada para fazer as pessoas deixarem o celular longe de suas cabeças. Convencida de que a radiação emitida pelo aparelho lesa a saúde, ela escreveu "Disconnect" (livro sem edição no Brasil), cuja base são pesquisas que começam a mostrar os efeitos dessa radiação no organismo.

Veja o que diz outro interessado no assunto, professor Fernando Massot, em seu Blog:


"Em entrevista dada ao repórter Peter Moon e publicada pela revista Época uma semana antes do lançamento do livro nos EUA, Devra Davis, 64 anos, ex-assessora de epidemiologia no governo Clinton, criticou o estudo da OMS e citou uma pesquisa feita por um brasileiro, o professor Álvaro Augusto Almeida de Salles, da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Fui a Porto Alegre conhecê-lo. Salles é um dos maiores especialistas mundiais no tema”, disse Devra." Continua: "Convenientemente, a pesquisa da OMS não incluiu crianças de até 10 anos. Mas, qual foi a conclusão do pesquisador brasileiro? Ele provou, segundo Devra, que o limite máximo de absorção pelo corpo humano de radiação de celulares estabelecido pelo FCC, agência americana de telecomunicação, só é seguro para adultos. O limite foi fixado no começo da década de 90, tomando por base uma pessoa de 1,70 metro de altura e cabeça pesando cerca de quatro quilos. Todos os fabricantes devem fazer aparelhos para operar dentro do limite de 1,6 watt por quilo de tecido humano. Ao simular a absorção de radiação celular por crianças de até 10 anos, Salles descobriu valores de absorção 60% mais elevados que nos adultos." E mais: " “O recado é claro”, acrescenta a autora do livro. “Não deixe o celular ao alcance das crianças. Não deixe seus filhos menores de 10 anos usar celular. Quantos milhões de crianças nessa faixa de idade estarão hoje entre os mais de 4,6 bilhões de pessoas no mundo que usam celular? Para a autora, o limite, estabelecido quando os celulares começavam a se tornarem populares, tornou-se irrelevante numa época em que boa parte dos usuários são crianças. Quais serão as consequências em termos de saúde pública da exposição lenta, gradual e maciça de tantas pessoas à radiação celular, digamos, daqui a dez ou 15 anos? O tumor cerebral se tornará epidêmico?, questiona Devra Davis.

"Diante da ameaça, por que o FCC não corrige esse limite? Por que a OMS se cala? A autora responde de forma indireta: “Tenho documentos para provar que existe um esforço sistemático e concentrado da indústria de telecomunicações para desacreditar ou suprimir pesquisas cujos resultados não lhe favorecem, como a do professor Salles provando o risco dos celulares para as crianças. Quando um estudo assim é publicado, a indústria patrocina outros estudos para desmenti-lo. Não há dúvida de que a maioria dos estudos publicados sobre a radiação de radiofrequência e o cérebro não mostra nenhum impacto. A maioria das evidências mostra que a radiação dos celulares tem pequeno impacto biológico. Mas há diversas formas de cozinhar os dados de uma pesquisa para invalidá-los ou evitar que se chegue ao resultado desejado.” "Pois é. Foi o que aconteceu com o fumo. Milhões de pessoas tiveram de morrer de câncer, atraídas pelo charme de astros de Hollywood soprando fumaça no rosto encantador das estrelas, sob o luar, e tranqüilizadas por milhares de pesquisas feitas por cientistas conceituados – e bem pagos – antes que tribunais começassem a punir as indústrias fumageiras com multas milionárias por suas propagandas enganosas. Nos Estados Unidos. Aqui, o Ministério da Saúde adverte…"

Enquanto isso, vamos seguir a recomendação acima. Mas vamos combinar, é fogo ficar sem o uso do celular, principalmente no trabalho, em todos os sentidos (minha opinião). Vou ler o livro, se alguém souber mais sobre este assunto, contribua por favor.

Dados da autora do livro "Disconnect":

Doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins

É fundadora da ONG Environmental Health Trust, que faz campanhas sobre riscos do tabaco, amianto e dos celulares para a saúde

Seus Livros:

"When Smoke Ran Like Water" (2002), sobre poluição,

"The Secret History of the War on Cancer" (2007), sobre as causas ambientais do câncer, e

"Disconnect" (2010).

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